Antifrágil é um conceito revolucionário que representa o oposto de fragilidade no ambiente de trabalho.
Mas é preciso ser mais do que forte e resiliente para adotar essa mentalidade: é preciso ser capaz de superar as adversidades e ainda crescer com elas.
O profissional antifrágil consegue lidar com qualquer desafio e extrair vantagens até das situações mais caóticas.
A seguir, vamos entender de onde surgiu esse conceito e como aplicá-lo no dia a dia corporativo.
Continue lendo e entenda como se tornar verdadeiramente antifrágil.
O que significa antifrágil?
Antifrágil é um conceito filosófico que representa o exato oposto de frágil.
No caso, frágil é algo que se rompe, quebra ou deforma quando exposto a um agente agressor ou a uma situação inesperada, enquanto o antifrágil é algo que se beneficia desse mesmo agente e prospera nas incertezas.
É muito importante entender que, do ponto de vista filosófico, o contrário de frágil não é robusto ou forte, como se imagina inicialmente.
Isso porque as coisas robustas têm capacidade de resistir aos impactos, mas permanecem da mesma maneira sempre.
Já as coisas antifrágeis vão além e conseguem evoluir a partir dos impactos que sofrem e de cenários de extrema volatilidade.
Por isso, o termo antifrágil tem sido usado para descrever pessoas que conseguem encarar situações adversas, sobreviver à pressão externa e tirar proveito do caos, assumindo uma mentalidade altamente resiliente.
No contexto organizacional, é um modelo mental (mindset) que tira completamente o profissional da sua zona de conforto e permite que ele transforme a desordem e os obstáculos em oportunidades para maximizar sua performance.
A origem do conceito
O conceito de antifrágil foi criado pelo ensaísta e pesquisador libanês radicado nos EUA Nassim Nicholas Taleb.
Ele é considerado um dos maiores pensadores do mercado financeiro, e baseou sua teoria nas incertezas e na altíssima volatilidade dessa indústria.
Taleb ficou famoso por fazer fortuna durante grandes recessões, como a Segunda-feira negra de 1987 e a Crise Financeira de 2007-2008.
Ele também é conhecido por criar outro conceito popular no mundo dos negócios: o Cisne Negro, que é um acontecimento imprevisível e irregular em larga escala, com grandes consequências.
Livro Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos
O livro Antifrágil: Coisas que se Beneficiam com o Caos (Best Seller, 2015) foi publicado por Nassim Nicholas Taleb em 2012.
A obra define o conceito de antifrágil e mostra como utilizar essa mentalidade para agir e prosperar em um mundo repleto de imprevistos.
Para isso, o autor recorre a mitos gregos, sistemas políticos, conceitos matemáticos e às mais diversas referências que provam sua tese da antifragilidade.
Logo no início do livro, ele utiliza a relação entre o vento e o fogo como metáfora:
“O vento apaga uma vela e energiza o fogo. O mesmo acontece com a aleatoriedade, a incerteza, o caos: você quer usá-los, e não fugir deles. Você quer ser o fogo e deseja o vento. Isso resume a atitude insubmissa deste autor diante da aleatoriedade e da incerteza.”
Importância da mentalidade antifrágil
A mentalidade antifrágil é uma nova forma de encarar desafios, cenários incertos e situações de extrema pressão.
Ela não se resume à resiliência ou à robustez, pois é preciso ir além de apenas resistir aos impactos: é preciso aprender com eles e evoluir.
Ao longo da história, a humanidade tem se apoiado na antifragilidade para evoluir sua cultura, comportamento e sistemas político-econômicos.
Um exemplo usado por Taleb para ilustrar seu conceito é o fato de que várias doenças modernas como a diabetes parecem estar associadas à falta de aleatoriedade na alimentação e à ausência de um agente estressor como a fome ocasional.
Da mesma forma, o mercado financeiro não sobreviveria sem o fator volatilidade e os riscos assumidos por investidores.
Logo, a antifragilidade é necessária para a evolução da própria humanidade, já que os sistemas complexos enfraquecem e até morrem quando são privados de agentes estressores.
A ideia central é encorajar pessoas a assumirem riscos e extraírem grandes oportunidades de situações difíceis, em vez de apenas resistirem às pressões ou – pior – sucumbirem a elas.
Características do modelo antifrágil
O modelo antifrágil se sustenta sobre diversos pilares apresentados no livro de Nassim Taleb.
Conheça os principais.
Alta volatilidade
A volatilidade é uma das principais características do modelo antifrágil, que significa basicamente a qualidade daquilo que é inconstante, variável e incerto.
Não à toa, é um dos conceitos mais conhecidos no mercado financeiro, mais especificamente na renda variável, que compreende investimentos com rentabilidade incerta no momento da aplicação.
Quem investe em ações, opções e commodities, por exemplo, está habituado aos altos e baixos dos gráficos e procura retornos em longo prazo em cenários de alto risco.
Logo, a antifragilidade pressupõe um modelo capaz de lidar com extrema volatilidade e extrair benefícios dessa situação, como fazem os investidores arrojados.
Aceitação do caos
Aceitar o caos significa abraçar a desordem natural das coisas e entender que, na maior parte do tempo, os eventos estarão fora do seu controle.
Essa aparente desconexão de fatos que ocorre no mercado, em sistemas econômicos, em conflitos e dentro de empresas é necessária para que exista uma futura ordem, e a antifragilidade garante que você consiga aprender com essas experiências.
Aleatoriedade
É confortável pensar que as coisas acontecem em uma ordem correta ou até mesmo predestinada, certo?
Ocorre que, no modelo antifrágil, a regra é a aleatoriedade de acontecimentos.
Ou seja: você pode ter certeza de que acontecerá X e se deparar com Y, e de alguma forma você saberá aproveitar essa imprevisibilidade.
Valorização de erros
Os erros são muito valiosos no modelo antifrágil, pois são o caminho para a aprendizagem e a evolução.
Podemos ver algo parecido na cultura das startups, que tratam o erro como um processo necessário para o crescimento do negócio e encorajam seus colaboradores a assumir riscos.
Compreensão incompleta
No mundo dos negócios, somos obcecados por dados e estatísticas, mas o modelo antifrágil vai na contramão dessa ideia.
A proposta é que o ser humano consiga agir sem o conhecimento completo sobre a situação, pois teoricamente seria impossível ter esse tipo de certeza.
No livro, Taleb afirma que “somos melhor agindo do que pensando”, e defende que é melhor ser ignorante e antifrágil do que inteligente e frágil.
Não linearidade
A antifragilidade pressupõe que os sistemas não são lineares, ou seja, não seguem uma sequência lógica com respostas previsíveis e um encadeamento perfeito de eventos.
Isto é: a vida e os negócios não podem ser representados por um gráfico com uma linha reta – na prática, ela seria uma curva com muitos altos e baixos.
Veja a citação de Taleb sobre o assunto:
“‘Não linear’ significa que, quando se dobra a dose de, digamos, um medicamento, ou quando se dobra o número de funcionários em uma fábrica, não se obtém o dobro do efeito inicial, mas sim muito mais ou muito menos.”
Simplificação
O modelo antifrágil também defende a simplificação de processos na vida moderna.
É o famoso “menos é mais” levado a cabo nas atividades diárias.
Nas palavras do próprio Taleb:
“ Um sistema complexo, ao contrário do que as pessoas acreditam, não necessita de regulamentos complicados ou de políticas intrincadas. Quanto mais simples, melhor. As complicações levam a cadeias multiplicativas de efeitos inesperados.”
Como aplicar a mentalidade antifrágil no trabalho
Agora que você entendeu o conceito antifrágil, só falta aplicar essa ideia no dia a dia do trabalho.
Veja algumas dicas.
Não tenha medo de arriscar
O primeiro passo para adotar a mentalidade antifrágil no trabalho é perder o medo de arriscar.
Isso vale para situações em que você tem a chance de assumir um projeto desafiador, liderar uma equipe ou tomar uma decisão complexa na empresa, por exemplo.
Em vez de sofrer com as possibilidades de dar errado, você deve considerar a grande oportunidade de tomar riscos e crescer com o aprendizado.
Seja um eterno aprendiz
O profissional antifrágil encara os erros como passos essenciais para o desenvolvimento de suas competências.
Para isso, é importante adotar uma postura de eterno aprendiz e estar sempre disposto a sair da zona de conforto para tentar algo pela primeira vez.
Desenvolva sua adaptabilidade
A capacidade de se adaptar a qualquer cenário é a base para alcançar o status de antifrágil no trabalho.
Se você tiver a flexibilidade necessária, terá condições de extrair vantagens até das situações mais difíceis.
Um exemplo é a liderança situacional, que parte do perfil de cada colaborador para uma gestão de pessoas mais flexível.
Busque a inovação
“Pensar fora da caixa” é um pré-requisito para se tornar um profissional antifrágil.
No dia a dia, você deve ser criativo na solução de problemas e estar sempre em busca de inovações dentro da empresa – mesmo que pareça mais arriscado do que se manter na média.
Entendeu como funciona a mentalidade antifrágil no trabalho?
Veja também como usar a psicologia positiva no seu dia a dia.