A aprendizagem autodirigida é a melhor garantia de capacitação de talentos que uma empresa pode ter.
Quando os profissionais adotam esse método, eles passam a aprender por conta própria e a direcionar seu processo de evolução.
Com isso, o desenvolvimento profissional é acelerado e os colaboradores se mantêm sempre motivados para crescer dentro da empresa e ir além dos limites do ensino tradicional.
Vamos entender como funciona a aprendizagem autodirigida e como ela pode ser usada no ambiente corporativo.
Leia com atenção e descubra o valor desse método para o seu negócio.
O que é aprendizagem autodirigida?
Aprendizagem autodirigida é um processo de conhecimento em que o próprio indivíduo assume o protagonismo de sua evolução.
Ou seja: é um modelo mental de crescimento pessoal que transforma você em um professor de si mesmo(a), de forma independente e automotivada.
É um conceito parecido com o autodidatismo, que define aqueles indivíduos capazes de aprender de forma independente, sem a orientação de um mentor.
Da mesma forma, a aprendizagem autodirigida se diferencia por não estar vinculada ao ensino formal praticado em instituições como universidades e escolas.
A formação oficial continua sendo importante, mas muitas vezes é limitada, enquanto o conhecimento que pode ser adquirido por outros meios é infinito.
Para isso, o aprendiz autodirigido precisa ter um grande senso de autonomia e ser capaz de se automotivar, sem depender de estímulos externos para seguir com seu processo de ensino-aprendizagem.
No contexto organizacional, a aprendizagem autodirigida é uma habilidade de colaboradores e líderes que conseguem tomar a frente de seu processo de desenvolvimento profissional.
Origem do conceito de aprendizagem autodirigida
O criador do conceito de aprendizagem autodirigida foi o educador Dr. Ian Cunningham, que atualmente preside o Self Managed Learning College (Colégio de Aprendizagem Autodirigida) em Sussex, na Inglaterra.
Ele cunhou o termo na década de 1970, e foi o primeiro profissional a obter um PhD em Gestão da Aprendizagem na Universidade de Lancaster.
Embora Cunningham seja o criador do conceito, a aprendizagem autodirigida, contudo, foi popularizada por outro autor: o pioneiro do movimento de desescolarização Blake Boles.
Ele estudava astrofísica na Universidade de Berkeley quando teve contato com autores que defendiam uma educação alternativa.
Então, Boles passou a se dedicar à ciência da educação e desenvolveu seu próprio método de aprendizagem autodirigida após passar pelas mais diversas profissões e experiências.
“Para mim, a aprendizagem autodirigida não é anti-instituições nem antiprofessores: é sobre consentir 100% com qualquer ambiente ou método educacional no qual você esteja inserido” – explica o autor sobre sua filosofia.
A arte da aprendizagem autodirigida – livro
A jornada de aprendizagem autodirigida de Blake Boles é descrita no livro The Art of Self-Directed Learning: 23 Tips for Giving Yourself an Unconventional Education (Tells Peak Press, 2014), traduzido para o português pelo escritor e educador Alex Bretas.
O livro foi publicado no Brasil com o título “A Arte da Aprendizagem Autodirigida” e está disponível para download gratuito no site de Alex Bretas.
Um dos exemplos da obra é a história de Laura Dekker, a primeira menina a dar uma volta ao mundo de barco sozinha, com apenas 14 anos.
A jovem realizou o feito em 2010, após uma série de batalhas jurídicas e apoio intenso de seus pais e da comunidade, provando que havia aprendido mais com a experiência no mar do que com as lições em sala de aula.
Esse tipo de atitude é típico dos aprendizes autodirigidos, que buscam a educação em seus próprios termos e não se contentam com as limitações da escolarização tradicional.
Características da aprendizagem autodirigida
A aprendizagem autodirigida é diferente da abordagem tradicional porque vai além dos métodos comuns praticados em sala de aula e no ambiente corporativo.
Os adeptos dessa mentalidade ultrapassam as disciplinas básicas e se aventuram em seus próprios interesses, com altos níveis de confiança, disciplina e propósito.
São pessoas que tomam para si a responsabilidade de suas vidas e deixam de depender de uma motivação extrínseca para aprender, passando a conduzir sua aprendizagem na direção desejada.
Ao contrário de fatores como genética, privilégio e sorte, a aprendizagem autodirigida pode ser desenvolvida por qualquer pessoa que se dedique o suficiente, disposta a adotar um mindset de evolução contínua.
Aprendemos com pessoas, experiências, conversas, viagens, livros, pesquisas na internet e vários outros elementos que estão disponíveis o tempo todo – basta se tornar um aprendiz autodirigido para aproveitar todas as chances de crescer.
Nem precisamos dizer que essa abordagem faz muito mais sentido para adultos, embora possa ser desenvolvida em qualquer fase da vida.
Por isso, a aprendizagem autodirigida se relaciona diretamente com a andragogia, que é a ciência de educação voltada a adultos.
Estes são os princípios dessa metodologia:
- Os adultos precisam saber exatamente por que necessitam aprender algo
- Os adultos têm responsabilidade por suas decisões e suas vidas
- Os adultos trazem muito mais experiências à atividade educacional do que as crianças
- Os adultos têm prontidão para aprender o que for preciso para enfrentar as situações da vida real
- Os adultos aprendem a partir do foco em suas próprias vidas
- Os adultos respondem melhor às motivações internas do que às externas.
Assim, fica mais fácil entender como funciona a aprendizagem autodirigida na prática.
Importância da aprendizagem autodirigida no trabalho
Adotar a aprendizagem autodirigida no trabalho é uma forma de acelerar a evolução profissional e criar uma cultura de inovação dentro da empresa.
Para o colaborador, vale muito a pena assumir o controle do seu processo de desenvolvimento, pois fica mais fácil determinar objetivos e explorar as possibilidades de carreira dentro da organização.
Além disso, ele tem liberdade para traçar seus caminhos de aprendizagem e não fica preso a uma metodologia específica ou conjunto de disciplinas definidas por uma empresa ou instituição.
Já a empresa só tem a ganhar com profissionais automotivados que conseguem aprender por conta própria e direcionar suas carreiras para o sucesso.
Via de regra, os aprendizes autodirigidos são mais engajados e confiantes para tomar decisões, o que também faz deles ótimos líderes em potencial para o planejamento sucessório do negócio.
6 passos da aprendizagem autodirigida
Para implementar a aprendizagem autodirigida na empresa, é preciso seguir alguns passos importantes.
Confira os principais.
1. Dê autonomia aos colaboradores
Dar mais autonomia aos colaboradores é essencial para impulsionar a aprendizagem autodirigida dentro da empresa.
Afinal, as pessoas precisam ter a liberdade de tomar suas próprias decisões e traçar seus próprios caminhos de desenvolvimento profissional.
O que acontece na maioria das organizações é que o colaborador depende 100% das iniciativas de treinamento e desenvolvimento da empresa ou de cursos e formações externas para conduzir sua aprendizagem.
Com mais autonomia, o profissional tem motivação para buscar seus próprios caminhos, tendo a certeza de que receberá o aval do líder para seguir com seus propósitos.
2. Ofereça um ambiente desafiador
Os aprendizes autodirigidos são movidos a desafios, pois não se contentam com o aprendizado tradicional e seus limites de conhecimento.
Por isso, a empresa que deseja fomentar esse modelo de aprendizagem precisa oferecer um ambiente desafiador com metas ousadas para seus colaboradores.
Dessa forma, eles se sentirão motivados a perseguir os objetivos e aprender o que for necessário para ter sucesso no trabalho.
Do contrário, um ambiente que permanece na mesmice ou possui metas muito fáceis pode desencorajar o aprendizado autodirigido, pois não há razões para ir além do conhecimento essencial.
3. Encoraje a inovação
A inovação está diretamente ligada ao conhecimento autodirigido, pois é preciso se abrir a novas ideias e procurar soluções diferentes para “pensar fora da caixa”.
Com uma cultura de inovação, a empresa encoraja seus colaboradores a buscarem conteúdos específicos e adotarem a experimentação.
Assim, é mais provável que os profissionais queiram aprender por conta própria e busquem soluções inovadoras e criativas.
4. Contrate por competências e não por formação
As empresas que valorizam a aprendizagem autodirigida precisam demonstrar essa mentalidade em suas contratações.
Em vez de contratar profissionais com base na formação em instituições e cursos específicos, vale mais a pena considerar a experiência, competências e potencial de cada talento.
Isso representa a preocupação com uma aprendizagem mais autônoma e direcionada a resultados, que muitas vezes segue na contramão do ensino formal.
5. Ofereça recompensas
Oferecer recompensas e reconhecimento pelo atingimento de metas é uma forma eficiente de promover a aprendizagem autodirigida.
Afinal, os profissionais precisam de motivação para se engajarem no processo de aprendizagem, e nada melhor do que oferecer bônus, gratificações, promoções ou mesmo prêmios simbólicos como menções e visibilidade.
Dessa forma, o colaborador sentirá que vale a pena se esforçar para estudar de forma independente.
6. Crie uma cultura de aprendizagem
Por fim, a empresa deve incorporar a aprendizagem autodirigida à cultura organizacional.
Isso significa ter valores e princípios que estimulam a independência do conhecimento e valorizam todo esforço de capacitação individual.
Em uma cultura de aprendizagem, os colaboradores não devem ter medo de errar, pois os erros são passos essenciais no desenvolvimento profissional e pavimentam o caminho para a inovação.
Entendeu a importância da aprendizagem autodirigida em uma empresa?
Veja também como criar um plano de carreira eficiente.