Praticar assédio sexual no trabalho é um crime.
De acordo com o Código Penal, assédio sexual é “o ato de constranger alguém, com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”.
Situações de assédio sexual no trabalho podem acontecer com homens, porém, as mulheres são as vítimas mais frequentes.
Uma pesquisa recente feita no Brasil mostra que 47,12% das mulheres participantes já sofreram assédio sexual no trabalho.
O estudo também mostra que o assédio sexual é mais recorrente entre mulheres negras (52%) e com rendimentos entre dois e seis salários mínimos (49%).
Para prevenir e combater esse problema, é preciso que a prevenção e a conscientização sobre o tema façam parte da cultura da empresa.
Neste texto, vamos esclarecer o que configura o assédio sexual no trabalho e o que sua empresa pode fazer para evitar essa situação.
Assédio sexual no trabalho: o que é?
O assédio sexual no trabalho é uma conduta que se manifesta por meio de palavras, atitudes ou gestos, e que viola a dignidade e a liberdade da vítima.
Pode ser configurado por comentários e piadas sexuais, um convite indecoroso, um toque sem consentimento, brincadeiras sexistas ou comentários constrangedores.
Para ser considerado assédio sexual, tal conduta tem de ser repelida por quem a sofre.
Em geral, o assédio sexual no trabalho ocorre como uma manifestação de abuso de poder.
Vamos supor que uma colaboradora mulher precise de ajuda para imprimir um documento no trabalho porque a impressora está desconfigurada.
E que um gestor se disponibilize a ajudá-la.
Se ele usar essa situação para paquerá-la sugerindo que seria uma forma de retribuição pela ajuda, isso é assédio, baseado na demonstração de poder que o gestor exerce sobre a vítima.
Ou, para darmos um exemplo em relação a um homem, vamos supor que um colaborador não tenha conseguido atingir sua meta mensal.
E que o normal quando isso ocorre seja a gestora chamar o funcionário para questionar os motivos.
Se ao invés disso, ela disser que ele não merece uma bronca porque é muito bonito, e que ele deveria ir até sua sala mais vezes, está sugerindo que o funcionário pode obter privilégios em troca de interações íntimas.
Nos dois casos, houve assédio.
A diferença é que o primeiro se deu de forma explícita, e o segundo, de forma mais sutil.
O que caracteriza o assédio sexual no trabalho
O assédio sexual no trabalho pode acontecer de diferentes maneiras.
Pode ser por chantagem, quando um superior hierárquico comete o assédio sugerindo a perda do emprego ou a obtenção de vantagens como melhores condições de trabalho ou de salário.
E também pode ocorrer por intimidação, que acontece independentemente da hierarquia entre a vítima e o praticante da ação.
Pode partir de um colega de trabalho ou de qualquer outro funcionário da empresa e se caracteriza por intimidação física, sexual ou verbal.
Para configurar o assédio sexual, é preciso que a abordagem seja repetitiva, sem reciprocidade e que cause constrangimento.
Se o ato for apenas uma tentativa de sedução não ofensiva, sem ligação com a função exercida e não for repelida, não é considerado assédio sexual.
Porém, se ocorrer um único ato em que o assediador agarra a vítima, ou comete outro ato mais brusco na tentativa de obter uma vantagem sexual, já é considerado assédio sexual.
Da mesma forma, se a situação ocorrer fora da empresa, mas o momento tiver relação com o trabalho, como uma carona de volta pra casa seguida de uma abordagem constrangedora, por exemplo, já existe a configuração de assédio.
O mesmo vale para outros tipos de eventos corporativos e contatos pelas redes sociais.
Como identificar casos de assédio sexual
O primeiro passo para identificar casos de assédio sexual no trabalho é entender que a maior parte das vítimas são mulheres, e que a origem disso está ligada ao fato de as empresas serem majoritariamente compostas por homens.
Portanto, incluir mais mulheres no mundo corporativo é uma das armas para o combate.
Junto a isso está a necessidade de criar políticas internas para conscientizar colaboradores de que essa prática é criminosa e antiética.
Como o assédio é caracterizado por violações que ocorrem repetidas vezes, quem sofre com isso tem a saúde mental afetada.
Logo, essa é a primeira pista para identificar a situação.
Vítimas de assédio têm a autoestima e autoconfiança abaladas, uma vez que o assediador ignora o potencial, a inteligência e a dedicação da vítima, fazendo-a questionar suas habilidades e se sentindo reduzida apenas a um corpo.
Portanto, prestar atenção no comportamento: conhecer os colaboradores e ter o hábito de conversar e dar feedbacks é a melhor forma de identificar o problema.
Como prevenir e combater o assédio sexual no trabalho
A empresa também é responsável pelas atitudes dos seus colaboradores.
Por isso, para prevenir casos, a repulsa pelo assédio sexual no trabalho precisa fazer parte dos temas abordados pela empresa e até mesmo de acordos coletivos feitos com os sindicatos.
É algo que precisa ser falado em treinamentos e reforçado pelo setor de recursos humanos.
Um canal de comunicação é essencial para dúvidas, orientações e principalmente denúncias.
Casos de assédio sexual podem resultar em afastamentos, problemas de saúde como síndrome de burnout, queda de produtividade e absenteísmo.
Sem contar que pode atingir fortemente a imagem da empresa.
Quando um caso de assédio sexual no trabalho é identificado, o primeiro passo é demonstrar apoio à vítima.
Tenha cuidado para não colocar em dúvida a palavra de quem sofreu o assédio e para não culpá-la pelo ocorrido.
Assuma que a empresa é responsável por essa situação e ofereça suporte.
Entre as ações mais eficientes para combater o assédio sexual no trabalho está a criação de um canal de denúncia e escuta ativa, pelo qual o colaborador saiba que será realmente ouvido.
Entretanto, nada é mais eficiente do que a conscientização, que ocorre por meio de confiança – algo conquistado de maneira eficaz com a inclusão da cultura do feedback.
Quando líderes e liderados conversam com frequência, fica mais fácil entender o que acontece na empresa e explicar quais expectativas a corporação tem sobre seus funcionários.
Existem várias formas de fazer feedback, e a ferramenta Owlisten pode te ajudar a encontrar a melhor delas!assédio sexual no trabalho