Se o absenteísmo elevado é um problema na sua empresa, saiba que não adianta penalizar os colaboradores sem mudar a gestão de pessoas.
Na verdade, as principais causas das faltas e atrasos estão ligadas ao clima organizacional, engajamento e bem-estar dos profissionais.
Para garantir a assiduidade, você precisa investir na experiência do colaborador e criar um ambiente de trabalho estimulante.
Por isso, preparamos este guia rápido com dicas de como diagnosticar o absenteísmo elevado, identificar suas causas e superar o problema.
Leia até o fim e saiba como o RH pode mudar o quadro.
O que significa absenteísmo elevado?
O absenteísmo elevado indica que os colaboradores estão faltando ao trabalho ou se ausentando com frequência — o que pode trazer sérios prejuízos à empresa.
Para identificar esse problema, o RH soma os períodos de ausência dos funcionários e avalia o padrão de assiduidade individual e geral.
São contabilizadas todas as faltas, atrasos e saídas antecipadas, com ou sem justificação legal, incluindo licença maternidade, afastamento por doença e faltas por greve no transporte público, por exemplo — com exceção das férias.
Assim, o resultado é índice de absenteísmo, que revela o total de horas ausentes e a capacidade produtiva perdida no período.
Obviamente, um absenteísmo elevado é sinônimo de prejuízo para as empresas, pois reduz a produtividade, afeta o clima organizacional e sobrecarrega as equipes desfalcadas.
Uma pesquisa realizada em 2019 pela empresa de tecnologia Levee, publicada na Uol, revela que as 500 maiores empresas do Brasil deixam de ganhar R$ 230 milhões ao ano por conta da improdutividade.
Entre as razões do problema, está o alto índice de absenteísmo: 5% dos funcionários faltam diariamente nas empresas de serviços, varejo e alimentação, e o índice fica entre 7% e 10% em alguns segmentos varejistas.
Outra causa relacionada à falta de assiduidade é a alta taxa de turnover (rotatividade), que atingiu uma média de 40% ao ano nas grandes empresas.
Já nos EUA, o prejuízo do absenteísmo atingiu US$ 225,8 bilhões ao ano em 2016, ou US$ 1.685,00 por colaborador, segundo dados do Centers for Disease Control and Prevention.
Ou seja: reduzir o absenteísmo é uma prioridade para o RH, que precisa monitorar o índice de perto e identificar suas causas.
Como calcular o índice de absenteísmo
Para saber se o absenteísmo está elevado na sua empresa, você precisa calcular o índice geral no último período.
Para isso, basta utilizar a fórmula:
Índice de absenteísmo = Total de horas ausentes/ Total de horas trabalhadas x 100
Supondo que você tenha 30 colaboradores cumprindo uma jornada de 8 horas diárias durante 22 dias úteis, são 5.280 horas mensais trabalhadas.
Se ao checar o sistema de ponto você contabilizar, por exemplo, 40 horas perdidas em atrasos e 95 horas de faltas, significa que foram 135 horas perdidas no mês.
Logo, o cálculo fica:
135 / 5.280 x 100 = 2,55%
Nesse caso, o índice de absenteísmo é de 2,55%, considerado aceitável na maioria das empresas.
No entanto, seu parâmetro de comparação deve ser o histórico da empresa, e qualquer aumento no resultado de um mês para o outro deve ser investigado — daí a importância de medir constantemente o índice.
Principais causas do absenteísmo elevado
Depois de diagnosticar o absenteísmo elevado, você precisa descobrir quais as causas do problema na sua empresa.
Antigamente, toda a culpa das ausências era atribuída aos próprios colaboradores e as medidas comuns das empresas eram advertências, punições e demissões.
Hoje, no entanto, está claro que a má gestão e um clima organizacional negativo são determinantes para a falta de assiduidade dos profissionais, além de problemas de engajamento, excesso de pressão e falta de atenção ao bem-estar no trabalho.
De acordo com uma pesquisa da Gallup, realizada em 2017 nos EUA, as empresas com clima organizacional negativo e colaboradores desmotivados possuem índices 37% maiores de absenteísmo, além de uma produtividade 18% menor.
Por outro lado, as empresas com altos níveis de engajamento entre as equipes conseguiram reduzir seu absenteísmo em 41% e aumentar a produtividade em 17%.
Logo, as principais causas do absenteísmo estão ligadas às condições do ambiente de trabalho e à qualidade da experiência do colaborador (employee experience).
Entre as principais razões para as ausências constantes, podemos citar:
- Estresse, ansiedade e burnout
- Situações de assédio moral e sexual
- Depressão e outras doenças psiquiátricas incapacitantes
- Falta de motivação e propósito no trabalho diário
- Falta de perspectivas de crescimento na carreira
- Acidentes de trabalho e doenças ocupacionais
- Liderança ineficiente e negativa
- Sobrecarga de trabalho e horas extras
- Problemas familiares
- Dificuldade em equilibrar a vida pessoal e profissional.
É claro que alguns motivos fogem ao controle das empresas, mas a maioria das causas podem ser combatidas com uma revisão nas políticas do RH e na cultura da organização.
5 passos para superar o absenteísmo elevado
Para prevenir e combater o absenteísmo elevado, você precisa de estratégias de engajamento e promoção do bem-estar entre colaboradores.
Acompanhe o passo a passo para melhorar a assiduidade na sua empresa.
1. Identifique as principais causas do problema
O absenteísmo elevado pode ser causado por múltiplos fatores, e você precisa descobrir quais são determinantes na sua empresa.
Para começar, você precisa separar as ausências voluntárias das involuntárias, pois há várias situações em que o colaborador falta por motivos de força maior, por exemplo:
- Falecimento de familiares
- Casamento
- Doação de sangue
- Serviço militar
- Comparecimento em juízo
- Cuidados com filhos
- Afastamento previdenciário
- Maternidade.
Logo, o RH deve contabilizar esse tipo de ausência de forma diferente das faltas e atrasos não justificados — esses, sim, motivo de preocupação.
Para isso, é importante fazer pesquisas com os colaboradores e investigar as principais dificuldades em manter a assiduidade.
2. Crie um programa de bem-estar na empresa
Uma das tendências globais do RH é o programa de bem-estar no ambiente de trabalho, que implementa uma série de medidas para garantir a saúde física e psicológica dos colaboradores.
Segundo o relatório 2019 Global Human Capital Trends da Deloitte, o mercado de bem-estar nas empresas já movimenta US$ 45 bilhões nos EUA, e as organizações estão gastando 7% mais nessa área.
Os programas corporativos incluem dias de folga remunerados, lanches à disposição, massagens, assinatura de academias e espaços pensados para o conforto e lazer dos funcionários durante o expediente.
3. Ofereça mais flexibilidade
Entre as razões do absenteísmo, destacam-se o estresse e sobrecarga de tarefas que são típicos do ritmo acelerado dos nossos tempos.
Para se adaptar à nova realidade da era digital, é importante que você ofereça condições mais flexíveis de trabalho aos colaboradores, para facilitar a conciliação entre vida pessoal e profissional.
Isso inclui opções de horários flexíveis e home office semanal, que tendem a aumentar a produtividade dos profissionais e reduzir drasticamente suas ausências.
4. Invista no clima organizacional
Ninguém se anima em acordar e ir para a empresa quando o ambiente de trabalho é pesado, de alta pressão e desmotivador, certo?
Por isso, você precisa investir na melhora do clima organizacional, tornando o ambiente mais acolhedor, estimulante e aberto à participação de todos.
Ao criar uma cultura de inovação e aprendizado, você terá uma atmosfera mais positiva — um antídoto para o absenteísmo elevado.
5. Leve o engajamento a sério
O engajamento é a palavra-chave atual do RH, e precisa ser levado a sério em casos de absenteísmo elevado.
Entre os propulsores da motivação no ambiente de trabalho estão a autonomia para tomar decisões, liderança positiva, oportunidades de crescimento profissional, programas de reconhecimento e feedback constante.
Logo, você pode personalizar suas iniciativas de engajamento e combater o absenteísmo na sua raiz.