Você já deve ter ouvido falar na síndrome do impostor e, talvez, até tenha sofrido alguns de seus sintomas em determinado momento da carreira ou vida pessoal.
Afinal, estamos falando sobre um processo de autossabotagem bastante comum.
Muitos profissionais extremamente capazes já depararam com essa sensação de incompetência e inadequação, mesmo que sejam os melhores na sua empresa ou área.
Estudos recentes (em inglês) apontam que a síndrome do impostor pode se manifestar em até 82% das pessoas e que 75% das mulheres em cargos executivos já vivenciaram essa incapacidade de internalizar o próprio sucesso.
Neste artigo, vamos abordar o que é a síndrome do impostor, seus sintomas, origem, causas e impactos no dia a dia e na carreira.
Você também vai saber como superá-la e quais ações de prevenção que as empresas podem adotar.
O que é síndrome do impostor?
A síndrome do impostor pode ser definida por um conjunto de sentimentos negativos relacionados a conquistas pessoais e profissionais.
É uma desordem na forma como a pessoa se vê, com uma interpretação errada da própria realidade e baixa autoestima.
É uma crença interna a partir da qual a pessoa acredita que não é boa o suficiente e que suas conquistas se devem à sorte ou a outros fatores, mas nunca por merecimento, habilidade, capacidade ou esforços.
Embora a pessoa seja vista pelos demais como competente, eficiente e plenamente capaz de alcançar bons resultados, ela não se enxerga assim.
Ao contrário, ela se considera inferior, incapaz e acredita que não merece ocupar o lugar onde está.
O problema se agrava quando a pessoa entende que está enganando os outros e que logo será desmascarada.
E é exatamente por esse sentimento de ser uma fraude que se chama síndrome do impostor.
O termo foi utilizado pela primeira vez em 1978 pelas pesquisadoras e psicólogas norte-americanas Pauline Clance e Suzanne Imes para classificar um padrão de desconfiança sobre a própria competência e sinais de autossabotagem.
Importante destacar que a síndrome pode ocorrer em diferentes aspectos da vida, como na carreira, fazendo com que o indivíduo acredite que não merece uma promoção, por exemplo.
Quais os sintomas da síndrome do impostor?
Dentre os sintomas da síndrome do impostor podemos destacar sentimentos de:
- Incompetência
- Inadequação
- Insegurança
- Inferioridade
- Ansiedade.
A percepção cognitiva distorcida e negativa de si mesmo faz com que a pessoa tenha dificuldades em aceitar elogios e um feedback positivo.
A pessoa com síndrome do impostor não consegue reconhecer seu próprio esforço e atribui suas conquistas a fatores como sorte, ajuda de outros, oportunidade, contatos, jeitinho, carisma.
É comum sentir que não merece o que tem, seja um alto cargo, uma promoção, um bom relacionamento ou reconhecimento.
Além disso, o indivíduo tem dificuldade de confiar na própria capacidade, intelecto e habilidades, demonstra medo de ser “desmascarado” e fracassar por considerar que é uma fraude de si mesmo.
Então, fique atento a esses sinais.
Se você ou alguém conhecido tem esse tipo de comportamento com frequência, pode ser a síndrome do impostor se manifestando.
O que causa a síndrome do impostor?
A síndrome do impostor pode surgir por diferentes razões, como ambientes de competitividade extrema, rigor excessivo ou cobrança exacerbada por um alto nível de competências.
Pode estar relacionada ao ambiente de trabalho, acadêmico, esportivo, social ou mesmo familiar.
Especialistas apontam que mulheres e negros podem estar mais suscetíveis a esse quadro devido à discriminação social, desigualdade de gênero e preconceito.
Historicamente, os salários e a representatividade em cargos de liderança são menores e isso pode fazer com que a pessoa duvide de suas capacidades.
Ainda, a pressão social e a sobrecarga nos diferentes momentos da vida diária podem levar ao desenvolvimento da síndrome do impostor.
Por exemplo, na dinâmica familiar, a mulher é responsável por gerir a casa, embora outras pessoas também vivam ali, e acaba por acumular essas atividades às suas funções profissionais.
Com isso, ela pode experimentar a sensação constante de que não conseguirá cumprir com todos os seus deveres e que fracassará, sendo que parte dessas tarefas não são necessariamente responsabilidade dela apenas.
Há também algumas características de personalidade que podem contribuir para a síndrome do impostor:
- Pessoas consideradas como um gênio ou prodígio e que lidam com expectativas muito altas
- Pessoas tímidas ou solitárias que não aceitam contar com ajuda de terceiros
- Pessoas perfeccionistas que não se permitem errar
- Pessoas especialistas com muito conhecimento sobre algo, mas temem não ser suficiente.
Impactos do sentimento de impostor no dia a dia
A síndrome do impostor afeta diferentes esferas da vida, podendo levar à autossabotagem, procrastinação, esgotamento mental, isolamento e dificuldade de manter relacionamentos saudáveis.
Nesse quadro, a pessoa pode fazer comparações constantes, ter medo de receber críticas, dificuldade de aceitar reconhecimento e necessidade de agradar a todos.
Com a motivação abalada, a carreira pode sofrer com queda de produtividade, abandono de tarefas, perda de oportunidades e até mesmo estagnação profissional.
A condição ainda pode provocar um sentimento de não pertencimento, trabalho em excesso para compensar sua “inabilidade”, autodepreciação, autocrítica excessiva, medo irracional de exposição e de desafios por se considerar incapaz.
Exatamente por todos esses fatores, o profissional com síndrome do impostor acaba por apresentar certas qualidades positivas, como maior carisma, empatia e capacidade de ouvir e prestar atenção nos outros.
Porém, não há lado positivo.
Em alguns casos, a síndrome do impostor pode contribuir para o surgimento de depressão ou burnout.
Como superar a síndrome do impostor
Uma vez identificada a síndrome do impostor, existem atitudes que podem ajudar a enfrentá-la e superá-la.
A seguir, veja algumas dicas para vencer o problema.
Procure ajuda profissional
Para não deixar que o problema se transforme em uma bola de neve, procure um profissional de saúde mental.
Eles estão preparados com conhecimento e técnicas para identificar as causas do transtorno e definir a melhor forma de tratamento.
Você poderá desenvolver mais sua inteligência emocional e ganhar autoconhecimento.
Abrace a imperfeição
Não exija o máximo de você a todo instante e aceite sua condição de ser humano imperfeito, igual a todas as outras pessoas.
Isso não quer dizer que você vai deixar de se importar ou cometer mais erros por falta de atenção.
Quer dizer apenas que erros acontecem e podemos aprender e crescer com eles.
Errar e ser imperfeito não faz de você um fracasso.
Nessa mesma batida, não faça comparações e trabalhe sua autoconfiança.
Comemore conquistas
Mesmo que você ache que conseguiu algo apenas por pura sorte, celebre a conquista e avalie todos os seus passos até esse momento.
Você verá que foi tudo fruto de muito esforço e que merece os elogios e reconhecimento que recebe.
Confie e compartilhe
Busque alguém de sua confiança no trabalho para ser uma espécie de mentor, que o ajudará a desenvolver suas habilidades.
Compartilhe as situações em que se sentir incapaz ou inadequado para uma função e peça a essa pessoa feedback sobre as suas atividades.
Esses insights são valiosos, então, ouça com atenção e acredite no que está sendo dito sobre você.
Aceite tanto críticas construtivas quanto elogios.
Síndrome do impostor é também um problema da empresa
Como vimos, a síndrome do impostor afeta não apenas a vida pessoal, mas também profissional, e por isso deve ser também uma preocupação da empresa.
Um excelente profissional pode se autossabotar e prejudicar não apenas a si mesmo, mas colegas e a organização que representa.
Esse reflexo negativo se apresenta em forma de atrasos na entrega de tarefas, projetos inacabados, queda de produtividade e até mesmo pedidos de demissão, elevando a taxa de turnover da empresa.
Além de o profissional não desenvolver seu potencial, a empresa perde grandes talentos.
Como lidar com a síndrome do impostor nas empresas
As empresas devem estar atentas à síndrome do impostor e conduzir ações tanto para preveni-las quanto para minimizar seus efeitos negativos.
Afinal, o bem-estar do profissional e um clima organizacional saudável são fundamentais em uma organização.
Existem ações que podem ser implementadas, podendo identificar situações com potencial para prejudicar a saúde emocional dos profissionais, além de reduzir sentimentos de ansiedade e inadequação.
Comunicação e escuta ativa
Crie espaços seguros de fala e compartilhamento, de forma que os colaboradores se sintam valorizados.
Incentive uma comunicação aberta, saudável e baseada em respeito mútuo, gerando empatia, engajamento e fortalecendo os vínculos entre equipes.
Leia nosso artigo sobre escuta ativa para saber mais a respeito.
Conscientização e motivação
Promova ações de conscientização sobre saúde mental e de incentivo pessoal e profissional.
Procure reconhecer os esforços e trabalhos bem feitos, tanto em equipe quanto individualmente.
Adote práticas de igualdade de gênero, com salários compatíveis com as funções exercidas, independentemente se homem ou mulher.
Crie programas de mentoria e evite comparações entre colaboradores.
Cultura do feedback
Converse sobre erros e acertos, sempre com um olhar positivo, destacando as qualidades e as oportunidades de aprendizagem e crescimento.
Avaliações baseadas em pontos fortes ajudam na construção da confiança, pertencimento e motivação.
O feedback é uma potente arma para alavancar diálogos claros, abertos, honestos e construtivos.
E você sabia que a tecnologia pode ser uma aliada dessa prática?
A ferramenta Owlisten pode ser usada em reuniões, workshops, projetos e discussões, através da criação de salas de feedback, tanto anônimas quanto transparentes.
É possível identificar quais competências necessitam atenção, acompanhar a evolução de cada ciclo de feedback e promover a colaboração.
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