A liderança e inovação são inseparáveis no processo de transformação digital das empresas.
Para superar os desafios do novo cenário, as organizações terão que ser lideradas por profissionais muito mais flexíveis, dinâmicos e criativos, além de familiarizados com as tecnologias.
Mais do que dominar o mundo digital, eles precisam acompanhar a velocidade das mudanças e adotar novos mindsets.
Mas, como veremos neste artigo, ainda há um longo caminho pela frente até a consolidação da liderança e inovação.
Siga a leitura e veja como preparar seus líderes o quanto antes.
Liderança e inovação: uma nova forma de conduzir negócios
A combinação entre liderança e inovação é a base do novo perfil do líder na era digital, que deve estar pronto para guiar equipes em uma realidade muito mais dinâmica.
Afinal, não há mais espaço para o gestor tradicional, que centraliza as responsabilidades e usa sua autoridade para manter tudo sob controle.
Hoje, o líder é uma figura de influência e inspiração para os colaboradores, que tem o papel de motivar e guiar os times em direção aos objetivos da empresa.
Para isso, ele precisa oferecer mais liberdade e autonomia aos profissionais, delegar tarefas e fomentar a inovação, permitindo o livre fluxo de ideias e uma cultura de experimentação.
Além disso, o novo líder navega facilmente pelo mundo digital e se adapta rapidamente às mudanças, usando as tecnologias disponíveis para aumentar a performance das equipes e ganhar vantagem competitiva.
Essa evolução do chefe tradicional para o líder inovador é urgente, pois o novo cenário de negócios é muito mais rápido, flexível, criativo e data-driven.
Para dar conta dessa realidade, o líder precisa ter competências como:
- Visão transformadora para antecipar tendências, tomar decisões e solucionar problemas
- Proficiência digital para usar recursos como inteligência artificial, Big Data, realidade aumentada, blockchain e outras tecnologias que possibilitam uma gestão inteligente e de alta performance
- Mentalidade orientada às mudanças, com forte adaptabilidade e capacidade de inovação
- Liderança positiva e colaborativa, focada no trabalho em equipe, engajamento e construção de times de alto desempenho.
Mas será que os líderes atuais estão preparados para essa revolução?
É o que veremos a seguir em mais detalhes.
O desafio de alinhar liderança e inovação na era digital
Para alinhar liderança e inovação, é preciso que os líderes estejam completamente imersos na cultura digital e prontos para lidar com seus desafios.
No entanto, há um descompasso evidente entre o preparo dos gestores e o avanço da transformação digital.
De acordo com um estudo The New Leadership Playbook for the Digital Age, publicado em 2020 pelo MIT Sloan Management em parceria com a Cognizant, mais de 70% dos líderes globais afirmam que estão preparados para lidar com a nova economia.
Mas esse percentual cai de forma significativa quando o assunto são habilidades digitais.
A maioria dos gestores entrevistados não está pronta para tomar decisões com base em dados e aumentar a performance das equipes a partir de seus conhecimentos técnicos, por exemplo.
Ao mesmo tempo, mais de 80% dos entrevistados afirmam que as organizações precisam de líderes digitais, mas apenas 40% acreditam que sua empresa possui a estrutura necessária para desenvolver esse tipo de liderança.
Além disso, somente 12% acreditam que possuem gestores com a mentalidade necessária para a evolução digital, e menos de 10% confiam nas habilidades da liderança para garantir a prosperidade da empresa nesta nova era.
Ou seja: há uma percepção coletiva de que os líderes não estão preparados para a era digital.
Por mais que eles acreditem estar qualificados para lidar com a nova realidade, há muita desinformação e dificuldade em lidar com as demandas estratégicas e tecnológicas.
Principais dificuldades e evolução da postura dos líderes
Os pesquisadores do MIT Sloan Management encontraram três principais razões para o despreparo dos líderes:
- Falta de entendimento sobre o que significa o mundo digital na prática
- “Pontos cegos” que impedem os gestores de verem ou construírem novos caminhos
- Pressão intensa por mudanças, que gera tensões e falta de confiança entre os líderes e acaba levando a uma cultura de inércia.
Outra contribuição importante da pesquisa é um quadro evolutivo das atitudes dos líderes:
Atitudes superadas (passado) | Atitudes consolidadas (presente) | Atitudes emergentes (futuro) |
Pedir permissão aos superiores | Implementar uma visão clara dos objetivos do negócio | Adotar uma postura orientada por propósitos |
Usar protocolos padronizados | Focar na performance | Nutrir a paixão pelo trabalho |
Reforçar o comando e o controle | Manter a orientação ao lucro | Tomar decisões com base em dados (data-driven) |
Gerenciar de cima para baixo | Ter uma postura centrada no cliente | Demonstrar autenticidade |
Evitar a transparência | Liderar pelo exemplo | Demonstrar empatia |
Elaborar planos rígidos de longo prazo | Demonstrar ética e integridade | Ter uma abordagem inclusiva |
Usar uma abordagem única para todas as situações | Assumir riscos | Mostrar humildade |
Manter a estrutura tradicional | Liderar mudanças na empresa | Trabalhar além das fronteiras entre áreas e equipes |
Assim, fica claro que as empresas devem se focar no desenvolvimento desses novos líderes, para garantir um comando à altura das demandas de liderança e inovação.
Os 4 mindsets da liderança e inovação
Com base no cenário encontrado, os pesquisadores identificaram 4 mindsets essenciais para desenvolver a liderança e inovação na era digital.
Isso porque não basta adquirir um conjunto específico de habilidades para liderar nos novos tempos: é preciso mudar a mentalidade e adquirir novas crenças e atitudes.
Veja quais mindsets representam essa liderança transformadora.
1. Mindset produtor
O mindset produtor combina o foco no cliente com o pensamento analítico, perspicácia digital, execução e resultados.
O líder que encarna essa mentalidade usa a análise de dados para acelerar a inovação e acompanhar as mudanças rápidas nos hábitos e preferências dos consumidores, para melhorar a experiência do cliente e do usuário.
Isso significa ter a capacidade analítica para identificar os problemas mais importantes dos consumidores e desenvolver rapidamente as soluções necessárias, entregando valor superior à concorrência.
Quanto mais ágil for esse ciclo de diagnóstico, entrega da solução e feedback do consumidor, mais chances a empresa terá de se destacar no mercado por uma experiência única — daí a importância de contar com líderes produtores de resultados.
2. Mindset investidor
O mindset investidor é caracterizado pela busca incessante por retornos superiores aos stakeholders da empresa.
Os líderes que adotam esse modelo mental são totalmente dedicados ao crescimento, mas sempre de forma consciente e sustentável, respeitando a qualidade de vida dos colaboradores e as demandas da sociedade.
Por serem focados em propósitos, eles enxergam além dos produtos e serviços oferecidos, buscando a razão da existência do negócio e pensando na missão da empresa em longo prazo.
É o caso da ex-presidente da American Express, Susan Sobbott, que contribui com sua visão na pesquisa do MIT Sloan:
“Para mim, as metas financeiras soavam vazias, pois eu queria alinhar propósito, princípios e lucros. Eu nunca me motivei somente por números, então, redirecionei a atenção da equipe para nossa capacidade de mudar a vida de milhões de consumidores por meio de nosso trabalho”.
Dessa forma, ela conseguiu motivar os times e impulsionar a inovação dentro da empresa, como uma verdadeira líder investidora.
No caso, esses líderes investem no desenvolvimento de seus talentos, nas relações com os investidores e parceiros, e também em ações que retornam benefícios à comunidade.
3. Mindset integrativo
Em um mundo hiperconectado, é fundamental que os líderes desenvolvam o mindset integrativo, que diz respeito aos relacionamentos, parcerias e redes de contatos.
Basicamente, essa mentalidade permite que o líder adote uma postura colaborativa e seja capaz de conectar pessoas dentro e fora da empresa.
Sua principal habilidade é reunir pessoas de diferentes culturas, profissões e perfis ao redor de objetivos em comum, alinhando seus interesses para viabilizar o trabalho em equipe.
Logo, o líder integrativo é aquele que sabe lidar com a diversidade e inclusão nas empresas, aproveitando ao máximo as diferentes competências e perspectivas de seus colaboradores.
4. Mindset explorador
Por fim, o mindset explorador permite que os líderes abram a mente para o novo e sejam extremamente flexíveis para se adaptar a qualquer situação.
Afinal, toda organização passará por inúmeros ciclos de transformação na era digital, e a liderança deve estar pronta para inovar continuamente e acompanhar a velocidade das mudanças.
No caso, o líder explorador é curioso, criativo e defensor da experimentação, além de adotar uma postura de eterno aprendiz e praticar a escuta ativa com seus colaboradores.
As empresas lideradas por esses profissionais possuem uma forte cultura de aprendizagem e encorajam a inovação, mesmo que isso signifique correr riscos e ter que lidar com os próprios erros para crescer.